É uma dança folclórica regional típica da cidade de Poconé, região pantaneira de Mato Grosso. Sua origem, controversa, está ligada a misturas tanto da contradança européia — influência dos colonizadores espanhóis e portugueses — quanto das tradições indígenas locais com ritmos negros. É parte das comemorações da Festa do Divino Espírito Santo e de São Benedito.
A dança é executada exclusivamente por homens, em pares de 8 a 14 pessoas. Os trajes masculinos representam os galãs e os trajes femininos representam as damas. O marcante tem a função de conduzir a dança, e os balizas de segurar o mastro com fitas coloridas e a bandeira de São Benedito.
Dança do Congo
Dedicada a São Benedito, a Dança do Congo ou Congada é de origem autenticamente africana. Em Mato Grosso, é uma manifestação que ocorre tradicionalmente em duas cidades: Vila Bela da Santíssima Trindade e Nossa Senhora do Livramento.
Em Vila Bela, primeira capital de Mato Grosso, a Dança do Congo representa a resistência dos negros que continuaram na região, após a transferência da capital para Cuiabá, em 1835. Faz parte da festa de São Benedito, que ocorre sempre no mês de julho, em uma segunda-feira, quando comemoram o dia do santo negro.
A Dança do Congo é a dramatização de uma luta simbólica travada entre dois reinados africanos. O Embaixador de um outro reino pede ao Rei do Congo a mão de sua filha em casamento; o Rei rejeita o pedido e, então, o Embaixador declara guerra ao Rei do Congo. O motivo da negativa teria sido que o Rei do Congo desconfiava que o Embaixador queria fazer uma traição ao reinado: após o casamento, ele tomaria o poder, possivelmente, matando o Rei, o Secretário e o Príncipe, ficando com a coroa. Em uma outra versão, o Embaixador é o mensageiro do Rei de Bamba, que manda pedir a mão da Princesa em casamento.
Os personagens do reinado do Congo são o Rei, o Príncipe e o Secretário de guerra; do reino adversário aparecem o Embaixador e soldados. A nobreza usa mantos, coroas e bastões coloridos e ornamentados com flores, como instrumentos; o Príncipe e o Secretário de Guerra vestem também saiote com armação de arame e peitoral em forma de coração como escudo. Os soldados usam espadas, capacetes com pena de ema, flores e fitas, e o cantil que contém bebida chamada “Kanjinjim”, feita à base de cachaça, gengibre, canela, cravo e mel que serve para estimular os dançantes.
As flores na indumentária servem para reverenciar São Benedito; como os personagens não podem ficar próximos ao oratório do santo, durante a dança, onde colocariam suas flores para promessa, eles arrumam um lugar no capacete, e as fitas representam o próprio oratório.
A movimentação da Dança do Congo é a caracterização da marcha dos soldados; o pulso vertical dos corpos, os movimentos dos braços com as espadas e o ritmo dos pés, dançando ou caminhando, remetem à marcha. A dança ocorre pela cidade toda, onde os participantes cantam e marcham ao som do ganzá, bumbo e cavaquinho que são tocados pelos músicos-soldados. Os dançantes têm por função também proteger os festeiros, que são o Rei, a Rainha, o Juiz e a Juíza, que carregam objetos sagrados, e ainda as promesseiras que acompanham o cortejo levando flores em homenagem a São Benedito.
Boi-à-Serra
Em várias regiões do Brasil encontramos manifestações folclóricas que falam sobre a vida e a morte de bois bravos e vaqueiros destemidos. Temos, no Maranhão, o Boi-à-Serra; em Santa Catarina, o Boi-de-mamão, no Pará, a Dança do Boi, em São Paulo e em Mato Grosso; o Boi-à-Serra; Luiz Câmara Cascudo, em seu "Dicionário do Folclore Brasileiro", nos fala sobre a origem dessas danças no Brasil: "Pelas regiões da pecuária, vive uma literatura oral louvando o boi, suas façanhas, agilidade; força, decisão. Desde fins do século XVIII os touros valentes tiveram poemas anônimos, realçando-lhes as aventuras bravias."
Houve tempo em que o Boi-à-Serra foi muito difundido em Mato Grosso, principalmente nas localidades de Santo Antônio do Leverger, Varginha, Carrapicho, Engenho Velho, Bom Sucesso e Maravilha, onde existiam grandes canaviais e a atividade econômica predominante eram os engenhos de açúcar. A dança do Boi-à-Serra hoje, consegue ainda manter suas características iniciais apenas na localidade de Varginha, no município de Santo Antônio do Leverger. Lá as pessoas ainda cantam uma toada que conta toda a trajetória de vida e morte de um boi que é capturado por destemidos vaqueiros, enquanto dançam.
Em outras localidades, como em Cuiabá e Santo Antônio do Leverger, encontramos a dança do Boi-à-Serra já muito modificada, ou inserida num outro folguedo popular: O Siriri.
Época em que se realiza
O Boi-à-Serra é um folguedo do carnaval mato-grossense. Durante os festejos do carnaval, as pessoas brincavam ou ainda brincam, em alguns lugares, o Siriri, o Entrudo, o Boi-à-Serra e também o Cururu, que é uma manifestação quase sempre ligada à religiosidade do povo. Porém, segundo alguns tiradores, o Boi-à-Serra pode ser dançado em qualquer festa.
O Nome do Boi
O Nome do Boi
É comum, nas localidades onde existe a dança do Boi-à-Serra, o responsável por sua confecção dar o nome ao boi. Este nome é dado através de alguma característica que o mesmo tenha, ou seja, devido à cor do tecido que o reveste, ao brilho deste ou a alguma parte cômica da figura do boi.
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